Publicado por: pongpesca | 2009/12/22

Museu das Pescas de Moçambique: Informação sobre o Projecto

CONTEXTO

 “O nosso País é marcadamente constituido por uma grande diversidade cultural, reflectida nas várias linguas locais, tradições, hábitos e costumes. A formação da identidade Moçambicana é também fruto deste vasto processo de interação com inúmeros povos onde se podem destacar os povos Bantu no início do primeiro milénio, os asiáticos e finalmente os povos europeus.

No entanto, com a independência nacional proclamada em 1975, consolida-se consolidou a identidade nacional e a consciencialização da Moçambicanidade reflectiva entre outras aspectos no florecimento da cultura nas suas várias expressões.

Sendo a pesca artesanal, milenar e inserida profundamente na cultura das comunidades costeiras, constituem um legado incontornavel do património cultural do  País.

Assim sendo, uma vez que parte consideravel do nosso património cultural não está devidamente documentado e preservado surge esta iniciativa do sector pesqueiro no sentido perservar a sua memória institucional e as tradições, costumes e práticas seculares das comunidades pesqueiras.

É neste contexto que se enquadra o Projecto Museu das Pescas de Moçambique, uma iniciativa que clama pela sua concretização a 27 anos.

A GENÉSE DO PROJECTO

Em 1982, uma equipa de tecnólogos de pesca propuseram a direcção da UDPPE- Unidade de Direcção da Pesca de Pequena Escala, instituição promotora do fomento da pesca artesanal, um programa de actividades que se destacava a introdução inovadora da pesca por atracção luminosa no País.

Ouvidos os assessores, o programa foi de imediato adoptado cientes que revolucionaria a pesca artesanal pela introdução  de um método que os pescadores ignoravam existir.

Acto imediato, foi submetido a FAO -”Organização das Nações Unidas para a Agricultura’’ uma proposta de um TCP – Technical Cooperation Programme para que um especialista, criteriosamente selecionado, avaliasse a capacidade pesqueira instalada e formulasse as pertinentes propostas.

Apresentado na UDPPE e nomeados os seus contrapartes, o especialista partiu para alguns centros de pesca, particularmente nas provincias da Zambézia, Cabo Delgado e Niassa.

Regressados a Maputo, dois ou três meses depois, data prevista, o referido especialista exibiu duas peças que se desconhecia de todo.  

O especialista, iniciado o relato, sentenciou que, no minimo, haviam 600 anos que os Pescadores Moçambicanos praticavam pesca por atracção luminosa, para cujo efeito construiram e utilizaram aparelhos como os que tinha adquirido e exibido.

No entanto, o especialista não deixou de propor melhorias, nomeadamente pela utilização de petromax entre outras.

Perante a esta revelação fomos invadidos por um turbilhão de questões… sendo, no mínimo, secular, a actividade pesqueira… não tendo os Pescadores acesso as materias-primas e materiais importados… como acediam eles aos meios para o exercicio da pesca­? … até onde se alargaria a competência tecnológica dos Pescadores? … dos construtores navais, ferreiros, redeiros, processadores, comerciantes?  

Quando o especialista terminou o relato sobre o trabalho desenvolvido, a decisão de erigir o MUSEU DAS PESCAS já havia sido tomada.

Era necessário preservar o conhecimento dos Pescadores… quanto conhecimento não se terá perdido, definitivamente, a partir do momento em que os Pescadores tiveram acesso aos materiais importados?

De facto, sendo, no mínino secular, a actividade pesqueira, tornou-se imperativo recuperar e preservar o conhecimento e competência dos construtores navais, ferreiros, redeiros, pescadores, processadores e comerciantes, consideradndo a sua inacessibilidade as matérias primas e materiais importados.

Neste contexto, o acto imediato foi sensiblizar e instruir a rede do sector no terreno para proceder a recolha de artefactos construidos exclusivamente, com recurso a matérias primas locais.

Como resultados do seu empenhamento, em 1984, promovemos a primeira exposição no pavilhão do sector das pescas na FACIM – Feira Agro-Comercial e Industrial de Moçambique, que constituiu num assinalável sucesso.

Entretanto, naquela década, o País padecia dos efeitos resultantes de destintas calamidades anuais (cheias, secas, guerras!…) tendo a fome e a nudez atingido nivéis degradantes… a pobreza instalara-se, as vias e meios de comunicação entraram em ruptura e o País viu a sua produção a recessar assustadoramente, com a população migrando, incessantemente a procura de regiões mais seguras.

Não havia, neste ambiente, condições para atender a proposta de Programa para a Instalação do Museu das Pescas.

Contudo, a rede estabelecida de recolha de peças, mantinham-se instruidas a desenvolver a actividade que culminou com a acumulação de mais de 300 peças que podem ser visitas nas instalações provisórias do Museu das Pescas, na Avenida Fernão Magalhães N°1098 e muito brevemente no seu site.

IMPLEMENTAÇÃO, LOCALIZAÇÃO E INSERÇÃO NO MEIO ENVOLVENTE

Nesta perspectiva, mantivemos os objectivos na agenda, de tal forma que após a celebração do Acordo de Paz, durante o segundo mandato, o Reino da Noruega anuiu a nossa proposta, ainda sob forma de ideia e o respectivo projecto foi integrado no “Programa de Apoio Continuado do Desenvolvimento do Sector das Pescas”, que, nesta fase, suporta, principalmente, o processo de construção do respectivo edificio, num espaço nobre da baixa da cidade de Maputo, a frente do PPM – Porto de Pesca de Maputo próximo do Museu da Moeda e da Fortaleza de Maputo, sendo as actividades do referido Porto integradas nos objectivos do Museu, como por exemplo:

  • A abertura de uma janela na sala de processamento, para que os visitantes possam observar o processo produtivo,
  • O embarque dos utentes do Museu em embarcações armadas no PPM, permitindo-lhes estabelecer o contacto com operações de pesca.

OBJECTIVOS DO MUSEU DAS PESCAS

O Museu tem como objectivo principal preservar expor artefactos secularmente construídos e amostras dos principais recursos alvo da pesca. No entanto, perspectiva divulgar e promover a actividade pesqueira.

Tem como objectivos específicos os seguintes:

• Na área científica: realizar estudos que visem a recuperação de informação histórica e sócio-cultural sobre a pesca.

• Na área técnico-artística: recuperar e divulgar as técnicas sobre a evolução da tecnologia de pesca e do pescado.

• Na área de ensino: organizar palestras, seminários para a divulgação de informação sócio-cultural sobre a pesca.

• Na área cultura: promover a gastronomia principalmente com produtos do mar, exposições de artes visuais…

PROGRAMA FUNCIONAL E ARQUITECTURA

O desenho do Museu terá em consideração o contexto das actividades pesqueiras no seu todo. Para além dos departamentos previstos, o Museu terá os seguintes espaços:

• Sala para exposições (permanentes e períodicas) e outra para artistas plásticos, de cerâmica e outros que vierem a ter actividades relacionadas com a pesca e para exposições fotográficas sobre a pesca.

• Salas de reservas do Museu.

• Espaço infantil e um anfiteatro, para promover a cultura do mar, conservação de recursos pesqueiros e marinhos, incentivar as crianças a participar na criação e produção de objectos sobre o mar e a pesca, tais como desenho, pintura, construção de artes de pesca e outros.”

Contactos:

  • Tel. +25821300778
  • Fax. +25821300584
  • E-mail: museugeral@tvcabo.co.mz
  • Av. Fernão Magalhães N° 1098. Caixa Postal  2290. Maputo, Moçambique

Fonte: Informação do Museu das Pescas


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